Lactalis amplia investimentos no Brasil com foco na produção de queijos e manteiga em Minas Gerais

O grupo francês Lactalis anunciou um novo ciclo de investimentos no Brasil, com o objetivo de impulsionar a produção de queijos e manteiga no estado de Minas Gerais. A cidade de Uberlândia, localizada na região sudeste do país, será o principal polo beneficiado, recebendo um aporte de €46,2 milhões (aproximadamente US$50 milhões).

Esse novo investimento complementa uma iniciativa já em andamento, anunciada em novembro de 2023, quando a companhia destinou cerca de US$42 milhões a sete unidades fabris no estado mineiro. O projeto faz parte de um plano estratégico de expansão que se estende até 2026.

De acordo com a Lactalis, o investimento mais recente contempla a construção de uma nova unidade de produção dedicada ao queijo prato, uma variedade típica brasileira de consistência semidura. Além disso, será instalada uma nova linha de fabricação de manteiga. A expectativa é que as obras estejam concluídas até 2027.

A nova planta de queijo prato terá capacidade para produzir 12 mil toneladas por ano. Já a nova linha de manteiga aumentará a produção anual em 3.600 toneladas, atingindo uma capacidade instalada total de 10 mil toneladas anuais até o final do projeto.

A fábrica de Uberlândia já havia sido contemplada no investimento anterior anunciado em novembro. Segundo comunicado do governo mineiro, enviado na ocasião pela Lactalis, o programa de investimentos tem como foco a modernização, ampliação e otimização das unidades industriais.

Além da planta em Uberlândia, a Lactalis opera unidades produtivas em Antônio Carlos, Guanhães, Pará de Minas, Pouso Alto, Sabará e Sete Lagoas, todas localizadas em Minas Gerais.

Paralelamente aos investimentos no Sudeste, a Lactalis também está fortalecendo sua presença na região Sul do Brasil. A empresa anunciou recentemente um investimento de R$313 milhões (cerca de US$54,7 milhões) no estado do Paraná. Os recursos serão utilizados na implantação de uma nova linha de leite UHT na unidade de Londrina, bem como na ampliação da planta de Carambeí, que terá sua capacidade de produção de iogurtes, leite fermentado, bebidas lácteas e sobremesas significativamente reforçada.

No Paraná, a Lactalis também possui uma unidade em Pato Branco, complementando sua rede produtiva na região.

Apesar de ser uma empresa privada e divulgar seus resultados financeiros apenas uma vez por ano, a Lactalis informou em abril de 2024 que seu faturamento global em 2023 cresceu 4,3%, atingindo €29,5 bilhões. Os queijos representaram a maior parte da receita, com 39% do total, seguidos pelo leite (19%), produtos refrigerados (15%) e manteiga e creme (12%).

O presidente do grupo, Emmanuel Besnier, afirmou na ocasião que o lucro líquido consolidado se manteve modesto, totalizando €428 milhões — um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Em 2022, o lucro havia sido de €384 milhões, representando uma queda de 14% em relação a 2021.

Segundo a empresa, o desempenho de 2023 foi impactado por mudanças no comportamento do consumidor, com queda nos volumes de vendas e maior preferência por marcas próprias, em detrimento das marcas nacionais, especialmente na Europa.

O ano de 2023 também marcou a conclusão da aquisição da DPA Brasil — joint venture entre Fonterra e Nestlé — pela Lactalis. Para viabilizar a operação, o grupo francês firmou um acordo de licenciamento com a empresa brasileira Tirol, conforme exigência do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), envolvendo sobremesas lácteas, petit suisse e leite fermentado das marcas Batavo e Batavinho, dentro de um termo de compromisso com duração de sete anos.

A trajetória da Lactalis no Brasil começou em 2013, quando sua então subsidiária Parmalat — empresa italiana na qual o grupo detinha participação — adquiriu a Balkis, especializada em queijos finos. Nos anos seguintes, o grupo assumiu controle total da Parmalat e, em 2014, ampliou sua atuação ao comprar ativos da BRF no setor lácteo, incluindo marcas como Batavo, Elegê e Cotochés.

Em 2019, a Lactalis concluiu a aquisição da cooperativa mineira Itambé Alimentos e, em 2021, incorporou também a Confepar Agro-Industrial, reforçando ainda mais sua posição no mercado brasileiro de laticínios.