O Legado do Homem de Aço: De 85 Anos de História aos Novos Rumos no Universo DC

O Legado do Homem de Aço: De 85 Anos de História aos Novos Rumos no Universo DC

1 Dezembro 2025 Não Por Clara Barbosa

Superman não é apenas o primeiro super-herói dos quadrinhos; ele é o modelo fundamental para todos os combatentes do crime que surgiram posteriormente e consolidou-se como uma das criações mais bem-sucedidas da cultura pop mundial. Para o falecido Christopher Reeve, que eternizou o “Homem de Aço” nos cinemas durante a década de 1980, o personagem transcendia a ficção. Em uma de suas últimas entrevistas promovendo o herói, Reeve o definiu como um amigo, ressaltando que o coração do Superman reside no amor genuíno pelas pessoas.

A Gênese de um Ícone e os Primeiros Intérpretes

A figura heroica que esconde a identidade do repórter Clark Kent estreou em 18 de abril de 1938. Concebido pelo roteirista Jerry Siegel e pelo ilustrador Joe Shuster, o personagem teve seu visual inspirado no ator Douglas Fairbanks, enquanto seu alter ego, o tímido Kent, baseou-se em Harold Lloyd e no próprio Shuster. Para celebrar os 85 anos desta criação, é fundamental relembrar a trajetória dos atores que deram vida ao kryptoniano.

Kirk Alyn foi o pioneiro a trazer o herói para as telas em 1948, em uma série preto e branco da Columbia Pictures. A narrativa já abordava a origem clássica da adoção pelos fazendeiros, e Alyn retornou ao papel em 1950. Logo em seguida, George Reeves assumiu o manto na popular série televisiva “As Aventuras do Superman”, filmada a partir de 1951. A produção marcou época com efeitos visuais avançados, embora sua história tenha sido posteriormente dramatizada no filme “Hollywoodland”, que explora as controvérsias sobre a morte do ator.

Experimentações e o Teatro Musical

A trajetória do herói também passou por tentativas frustradas e palcos inusitados. Johnny Rockwell gravou um piloto para “As Aventuras do Superboy” em 1961, mas o projeto foi cancelado devido aos altos custos. Anos depois, Bob Holiday encenou o personagem 129 vezes no musical da Broadway “It’s a Bird, It’s a Plane, It’s Superman!” em 1966. Esta mesma produção musical ganhou uma versão televisiva em 1975 pela ABC Network, protagonizada por David Wilson.

A Era de Ouro no Cinema e a Modernização

Em 1978, o cinema de super-heróis foi redefinido. Jeff East interpretou a versão adolescente de Clark Kent em “Superman: O Filme”, embora suas falas tenham sido dubladas por Christopher Reeve. Reeve, cuja imagem tornou-se indissociável do personagem, estreou na mesma produção dirigida por Richard Donner. O longa, vencedor do Oscar de melhores efeitos visuais, gerou três sequências e estabeleceu o padrão para adaptações de quadrinhos. Reeve buscou modernizar o herói, tornando-o mais gentil e vulnerável, um legado que perdurou mesmo após o trágico acidente que o deixou tetraplégico e seu falecimento em 2004.

Séries de TV e Novas Abordagens

A televisão continuou sendo um terreno fértil para o mito do Superman. John Haymes Newton viveu um jovem Clark na série “Superboy” de 1988, mas foi substituído por Gerard Christopher, que assumiu o papel por três temporadas focadas nos anos universitários do herói. Na década de 1990, Dean Cain estrelou “Lois & Clark – As Novas Aventuras do Superman”, trazendo uma abordagem que mesclava aventura, humor e romance, focada na Geração X. Já no início dos anos 2000, Tom Welling protagonizou “Smallville”, série que durou uma década e explorou a juventude de Clark e sua descoberta dos poderes antes de vestir o uniforme.

O Futuro da Franquia e o Universo DC de James Gunn

Mais de oitenta anos após sua primeira aparição na Action Comics, o Superman de James Gunn inaugura uma nova era para a DC Studios. O filme previsto para 2025 pretende iniciar uma nova franquia, o Universo Cinematográfico DC, expandindo-se para incluir diversos personagens icônicos. Assim como o Homem de Ferro fez para a Marvel em 2008, este novo Superman promete ser o início de algo inovador para os fãs do gênero. Contudo, a nova produção não ignora o passado; pelo contrário, insere referências inteligentes aos clássicos.

Uma Homenagem Sutil ao Clássico de 1978

Um dos detalhes mais curiosos da nova produção reside em um personagem secundário, mas significativo: Otis Berg. Interpretado por Terence Rosemore, Otis é o braço direito de Lex Luthor na LexCorp, encarregado de gerenciar os problemas menores da empresa e auxiliar nos planos do vilão. O sobrenome “Berg”, revelado nos créditos, é um aceno direto ao filme de 1978. Na obra original, há uma cena icônica onde o capanga Otis, numa tentativa atrapalhada de glória, escreve “Otisberg” em um mapa de um novo continente planejado por Luthor, para frustração do vilão. O novo Universo DC oficializa a piada ao batizar o personagem como Otis Berg.

A Ascensão de Otis no Novo Universo

Diferente de suas versões anteriores, o novo Otis Berg terá um papel expandido e maior autonomia. Ele demonstra estar ciente das maquinações de seu chefe, sendo confiado a executar fases cruciais dos planos, como a liberação de um kaiju em Metrópolis. Além do filme do Superman, o personagem já marca presença na segunda temporada da série “Peacemaker” e tem retorno previsto para o filme “Man of Tomorrow”, em 2027.

Neste novo cenário, a equipe da LexCorp deixa de ser apenas um grupo de prisioneiros para atuar como consultores da A.R.G.U.S., auxiliando na exploração de portais interdimensionais e no estabelecimento de prisões para meta-humanos. Embora possam se apresentar inicialmente como aliados diante de ameaças maiores, é evidente que Luthor e Otis, agora um vilão reconhecível e recorrente na franquia de Gunn, aguardam apenas o momento oportuno para atacar o Homem de Aço. Essa atenção aos detalhes e aos personagens secundários demonstra o respeito da nova produção pela vasta história cinematográfica do Superman.